terça-feira, 2 de abril de 2013

Relações

Como devem ter percebido o meu feitio não é feito para relações. Ao longo dos meus 30 anos, apenas tive uma relação, que me pôs neste estado de depressão. Apenas durou cerca de 1 mês e hoje arrependo-me muito. Desde novo me apercebi que nunca iria ter uma companheira, criar familia, ter filhos, essa relação foi o comprovativo que tinha razão. Nunca fui feliz, mas o que tinha bastava-me. Sempre trabalhei até tarde, não interessava se saía às 21 ou 22, não tinha mais nada que fazer. Agora com as novas tecnologias é facil passar o tempo.. net, música, jogos, filmes, futebol, séries. O meu principal objetivo de vida era chegar ao fim de um jogo, esperar ansiosamente por um jogo da liga dos campeões, coisas secundárias na vida das outras pessoas que na minha vida coloco como principais.
O meu primeiro beijo na boca devia ter uns 11 anos. Foi com a miuda que gostava na altura. Estava em casa de um amigo mais duas amigas e decidimos brincar aos namorados. É claro que foi um desastre, não sabia o que fazer, estive com ela 5 minutos a beijar na boca e acho que ela não gostou, porque depois esteve com o meu amigo mais de 1 hora.... Foi a única experiência que tive... essas brincadeiras eram normais entre os meus amigos, mas eu fugia sempre. Eles andavam a espiar as raparigas, apalpar, etc. nunca me atrevi a entrar nesses jogos apesar de querer, mas a minha timidez vencia sempre.

Falando da minha única relação. Comecei a falar bastante com uma colega de trabalho, coisas que nunca pensei em dizer a outras pessoas. Ela contava-me tudo da vida dela, aos poucos e sem me aperceber ela conseguiu atravessar a barreira que crio para me proteger. Só gosto de estar sozinho, mas com ela sentia-me à vontade. Senti um vazio enorme e necessidade de demonstrar o meu amor por ela. Foi várias noites sem dormir. Um dia ganhei força e convidei-a para almoçar, mas ela tinha compromissos... mas desse dia não passava e disse o que se sentia por ela. Ficou surpreendida pela declaração, nunca pensou que um timido como eu tivesse coragem. Deixei uns dias para ela pensar e depois perguntei-lhe o que pensava do assunto. Ela ficou indecisa, disse que gostava de mim, mas que agora não queria ninguém na sua vida... Disse-lhe imediatamente que se não tivesse hipoteses para me dizer logo, tinha que reprimir os meus sentimentos. No entanto ela disse para esperar, foi então que comecei a ganhar esperança. Até que um dia tomámos café e depois de insistir lá consegui arrancar uns beijos. Assim começou, contei-lhe que nunca tinha estado com nenhuma mulher e falei abertamente sobre os meus problemas e que gostaria de perder a virgindade com ela. Ela contou-me os problemas dela e curiosamente alguns parecidos com os meus, ela até medicação toma por causa de depressão. Foi uma relação estranha, trocamos centenas de sms's mas raramamente estavamos juntos fisicamente, durante esse mês encontrámo-nos umas 3 ou 4 vezes fora do escritório. Arranjava sempre uma desculpa, eu burro não insistia e deixava andar, mas para mim era a relação ideal, pois tinha possibilidade de continuar no meu mundo, mesmo com namorada. Foi a época mais feliz da minha vida... sentir que a pessoa que amava correspondia e que entendia a minha personalidade. Ganhei esperança que pudesse ter uma vida com alguém ao lado, ser um homem normal, fazer programas que os casais fazem... um dia do nada mandou-me um sms a acabar tudo, fiquei tão em baixo que nem consegui responder. Devia ter tomado uma atitude, ir a casa dela, mas preferi ficar na cama a chorar.
Não a culpo de ter acabado a relação comigo, mas podia agir doutra maneira. Arranjou uma desculpa sem pés nem cabeça, até hoje ainda não percebi porque acabou comigo. Depois insisti e falei com ela. Disse-me que não queria nada para além da amizade e que queria a relação como era antes. Não cumpriu, a partir desse dia nunca mais falou comigo, das poucas vezes que fala é com 7 pedras na mão e só assuntos relacionados com trabalho e para me criticar, no entanto com os outros é tão simpática que irrita.
Não lhe perdou-o, cagou completamente para mim, quando podia ajudar, nem que me aconcelhasse um psciologo. Desde esse dia que fiquei de rastos. Já passou quase um ano e nunca mais falei sobre esse assunto com ela, esse tempo parece que não existiu.. Somos como desconhecidos, custa tanto saber que ela sabe e não puder falar com ela abertamente. Não consigo agir com ela normalmente, para mim é um alivio saber que ela vai faltar. A culpa é toda a minha, se soubesse falar, dava a volta à situação num instante.
Não sei o que significou esta relação para ela. Às vezes penso que andou só a gozar comigo. Será que gostou do sexo que tivemos juntos? Apetece-me fazer tantas perguntas, nas quais nunca vou obter resposta. O meu erro foi achar que ela me entendia, foi uma desilusão. Mas ela não me sai da cabeça, não consigo estar 5 minutos sem pensar nela. Provavelmente ela nunca pensa em mim, sou um ser insignificante. Se fosse um gajo normal rapidamente ultrapassava esta fase, todos têm problemas com relações. Devia ter passado esta fase na adolescência.
Nunca tive uma relação normal, coisas que um casal de namorados costuma fazer, tipo passear de mãos dadas, ir às compras, ir ao cinema, uma série de programas que um dia sonhei e que não concretizei.
Uma vez um familiar perguntou-me: Tu nunca pensaste em arranjar mulher e criar familia? Na altura não liguei, mas hoje essa pergunta vêm me à cabeça várias vezes. Nunca darei um neto à minha mãe ou ao meu pai. Sou filho único, vou acabar com a geração aqui. Para quem vai ficar o meu património se um dia o tiver?
Às vezes saio com pessoal do trabalho e têm me apresentado umas amigas, mas eu fico tão inibido que não consigo ter uma conversa com ela. Fisicamente não me considero feio, não sou gordo, nem magro. Até mudar de penteado tenho receio.

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