terça-feira, 23 de maio de 2017

Como conhecer uma pessoa tímida? Casamento, Tarde de Folga

Como conhecer uma pessoa tímida? Devia saber, afinal sou uma! É impossível haver uma relação entre tímidos, se ambos são retraídos e não têm o poder de iniciativa, automaticamente está destinada ao fracasso. É pena, porque podíamos ter muitos sentimentos em comum, gostava tanto de lhe ler os pensamentos, o pessoal que me conhece deve dizer o mesmo.  Estar em grupo é muito complicado, ouvir histórias dos outros, ser incapaz de contar algumas pela minha inaptidão de diálogo.Não sei escolher as palavras certas, não me lembro delas, deixo de ter neurónios, quero chegar muito rápido à conclusão... entretanto os conversadores saem e o silêncio é constrangedor, tento juntar-me a outro grupo. Uma tagarela(inveja) enquanto falava tocou-me várias vezes, não sei qual o significado, provavelmente dever ser um tique, mas despertou-me desejo. Evito ao máximo estas situações de convívio, acho que acaba por ser normal, as pessoas fogem quando não estão à vontade. Fico preocupado com a impressão que deixei, não deve ter sido famosa. Vou ter saudades, já as sinto hoje. Fico saturado comigo mesmo, passo o dia a querer chegar a casa, apanhar o sol do final do dia, ir para a espreguiçadeira ler um livro, bater uma bola contra a parede, chatear o gato do vizinho, jogar Far Cry Primal, ver as noticias de deporto, o instagram onde sigo apenas figuras públicas (jogadores de futebol ou mulheres que me atraem como atletas ou atrizes), fóruns, youtube...as habituais actividades de lazer solitárias.
Carlos Albuquerque... tinha que inventar um nome, na altura do registo saiu-me este sem justificação plausível, o objetivo é esconder-me no anonimato, arrependo-me de ter escolhido um tão comprido. No entanto não acho justo enganar as pessoas, como vi num comentário a tratarem-me por Carlos.
Em breve vou a um casamento, não consegui ser eu a escolher a roupa, a minha mãe já tinha pensado no fato que ia comprar, como sempre para a não desiludir fiz-lhe a vontade. Tenho tanto medo desse convívio, ver primos que já não vejo aos anos, vão me perguntar como ainda não tenho ninguém, porque não estou inscrito nas redes sociais, vão achar que sou estranho.
Já estava a melhorar da minha dor da zona rectal, agora estou outra vez pior, é uma desilusão quando pensamos que estamos curados e de repente volta a dor.
Resolvi tirar uma tarde de folga, fui ao centro comercial, almocei uma pizza, cortei o cabelo, fiz uma massagem aromática(a massagista diz que eliminou algumas contracturas, mas continuo com as mesmas dores), comprei uma prenda para o meu afilhado, visitei lojas de roupa, fui ao cinema. Mas mais uma vez o sentimento de culpa e a tristeza não me largam durante o dia, estou desiludido comigo mesmo por não conseguir alterar o meu estado de espírito. Desligo-me facilmente da realidade presente, estou sempre alheado, dentro do meu mundo de ideias, por exemplo até a ver o filme em vez de estar concentrado na acção, estava a pensar em coisas que não tinham nada a ver, memórias que vou buscar sem qualquer contexto. Passei por uma vitrina, onde tinham expostos alguns panfletos de uma agência de viagens... como gostava de fazer uma viagem ao estrangeiro...
Se existisse o gênio da lâmpada e me aparecesse, sei bem qual o desejo que pedia, nada de dinheiro, saúde, apenas que me retirasse esta inabilidade.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Pai, Poder de Atração, Dor...

Quanto mais contacto tenho com o meu pai mais verifico o enrascado e atabalhoado que ele é. Parece que não pensa, bloqueia, atrapalha-se, é esquecido, na farmácia fiquei com vergonha, só me apetecia fugir. Pode ficar incontinente para o resto da vida, não sei se vai aguentar se tal acontecer, nem tive coragem de contar a conversa que tive com o enfermeiro. Observei-o desde o carro enquanto ia para casa, a cambalear devagar, apavorado, desengonçado, fico tão triste quando o vejo assim em baixo. Também me começa a atrapalhar a minha vida, por exemplo saio de casa a meio da noite para o ajudar. O tempo passa e percebo o porquê de ter assim esta personalidade, tenho todos os defeitos dos meus pais, não deviam ter gerado um filho ao mundo. No dia a seguir já começa a perceber melhor, parece que tem uma aprendizagem retardada, é como eu, ou seja no momento da acção é como se o cérebro hibernasse, a vergonha é tanta que não capta metade do que é dito. Tenho medo que o meu futuro se torne igual ao dele, mas eu não vou ter ninguém que me ajude...
O meu cérebro, coração e corpo está sedento por uma relação, qualquer rapariga que tenha um mínimo de contacto penso logo se está disponível, fico com vontade de a conhecer, mas não sei como falar com ela, como abordá-la, tenho medo que me ache patético. Invejo as pessoas que falam abertamente de todos os assuntos sem qualquer problema. Vivem o dia a dia, não poupam, totalmente o oposto de mim, fiquei admirado com as histórias de vida de uma mulher que já tem trisnetos.
Não ter conhecimentos é muito mau, principalmente quando não se sabe fazer nada.
Momento de masoquismo: Fui ver os mails, os sms's que troquei com a minha ex, uma temporada que por uma vez na vida senti-me mais normal. Momento Nostálgico: Ver fotos antigas e ter saudades daqueles tempos.
Fico tão chocado com certos temas que abordam, felizmente desconhecia muita coisa. Parece que tenho o poder de atracção, por exemplo se falarem em piolhos dá-me vontade de coçar a cabeça, se falarem em tosse, começo a tossir...por vezes a ignorância é mesmo uma bênção.
Estou preocupado com uma dor que tenho frequentemente na zona do recto, será que é problema da próstata? Dos Intestinos? Vou constantemente à casa de banho obrar e urinar, sempre atribui isso a aspectos psicológicos, quanto estou o dia todo fora de casa é uma loucura as vezes que preciso aliviar-me. Se for a um sitio desconhecido a primeira coisa que procuro são as casas de banho. Já falei com o médico, ele disse que provavelmente não era nada de especial, mas que para confirmar teria que fazer um exame, o problema é que são preciso duas pessoas e eu não sei a quem recorrer. Ainda vou contrair uma doença grave por ser assim, tão passivo.  Deixa-me tão abalado, sem vontade de fazer nada, apenas quero ter saúde, se já não posso ter outras coisas.
Financeiramente as coisas estão a correr melhor, tenho recebido alguns vencimentos em atraso, a minha família tem-me ajudado, por exemplo quando vou com a minha avó às compras ela paga-me a gasolina, somando isto tudo já tenho algum dinheiro à ordem, nem sei o que fazer com ele, investir em qual aplicação financeira? Tenho tanto medo depois do último fundo ter corrido tão mal. Devia comprar um carro novo, gostava de um melhor, mas para aquilo que ando sei que o meu é suficiente,  farto de ter que andar sempre atento às fugas de água e óleo.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Dias Intensos, Nova Formação, Prima, Pai

Estes últimos dias tem sido intensos... trabalho, uma nova formação, pós recuperação cirurgia pai, consultas mãe, obras em casa, estou sempre a mil à hora, stressado com saudades dos meus tempos calmos, como por exemplo ir para o quintal apanhar sol e ler um livro... chego a casa com a cabeça em água, nem consigo fazer as minhas atividades de lazer inúteis.
Estas formações deixam-me completamente de rastos psicologicamente. Muitas vezes quero intervir, mas não consigo devido à minha timidez, penso que é uma inutilidade e acabo por perder a coragem. Rezo que a formadora não me pergunte nada, pois devo bloquear e não me sai nada de jeito. Muitas vezes nem tenho opinião, não sei o que dizer, toda a gente a tem, devo ser caso único no mundo. Fico revoltado pois estas formações obrigatórias não tem muito interesse, nem sequer são importantes, ando a perder o meu tempo, ao menos que fosse algo mais adequado à minha formação académica, mas não tenho alternativa, tenho que a gramar, só quero que termine depressa. Às vezes desligo-me e voou nos pensamentos para outros assuntos, de qualquer maneira procuro sempre organizar-me e aprender o máximo que posso, detesto faltar, fico em desvantagem em relação aos outros formandos, mas desta vez vai ter que ser, espero que aceitem a justificação.  Os intervalos lembram-me o inicio do secundário, todos em volta, onde muitas vezes a falta de diálogo impera revelando a minha incapacidade de comunicar com os outros. Não gosto quando as pessoas sabem que sou daquela localidade e vêm com perguntas conheces a fulana x? Fico sempre embaraçado, nem sequer sei quem são as minhas vizinhas. Deste grupo não me identifiquei com ninguém, tirando uma mulher aparentemente também bastante calada. Gostava de tentar falar com ela, conhecê-la melhor, mas não sei como quebrar o gelo, vai ser impossível.
Recebi uma noticia, não sei se é má ou péssima. Provavelmente vou ter que trocar a moradia pelo apartamento mais cedo do que esperava, a chegada prematura de uns familiares assim o obrigam. Por mais que pense nas vantagens, vejo mais desvantagens... não devia ser assim.
Sou filho único, no entanto desde sempre morei com uma prima uns anos mais velha, é como se fosse uma irmã. Quando era pequeno andávamos sempre à porrada e depois fazíamos as pazes, era uma relação saudável, mas com o tempo deteriorou-se. Ela tinha os seus interesses e eu tinha os meus, não sabia o que falar com ela. Morávamos na mesma casa, mas eramos desconhecidos, ela enfiava-se no quarto e não saía de lá, até os horários das refeições eram incompatíveis, por exemplo jantava às 19:00 e eu às 21:00, apesar de morar juntos havia vários dias que não a via. Atualmente casada, continua a ir muitas vezes à minha casa, não me liga nenhuma, nem eu a ela, não estamos zangados, simplesmente a minha personalidade justifica mais uma relação que podia ser unida mas é estranha. Acho que devia ajudar mais a nossa avó, só pensa no bem estar dela e nos seus filhos, suponho que seja normal. É assim com vários membros da família, não consigo mudar.
Tenho procurado ajudar o meu pai o máximo que posso, visitá-lo sempre que possível, mas tenho a sensação que a família do lado dele acha que eu não lhe ligo nenhuma, o que é obviamente incorreto, não sei como mudar-lhes a opinião. É um facto que devia ter mais interesse nas terras dele que um dia podem ser minhas, mas o trabalho do campo não é para mim. Ele tem muita lenha, escusava de a comprar se soubesse usar um motosserra, teria que pagar a alguém para fazer o serviço, espero que essas decisões tenha que as tomar bastante mais tarde.
Tenho exames para fazer, mas na minha zona não são comparticipados pelo estado. Ou pago do meu bolso ou tenho que me deslocar a uma grande cidade e fazer 150km's para um sitio completamente desconhecido. Acho que vou optar pela primeira opção, obviamente o que um gajo normal optava pela 2º.
A bateria do carro da minha mãe morreu. Fui procurar na net como fazer as ligações para a voltar a metê-la a funcionar, segui todos os passos mas sem sucesso, é mais um exemplo da minha aselhice.
Olho para mim ao espelho, ou nas selfies, de vez em quando acho que tenho uma aparência agradável, melhor que muitos, olhos bonitos, definitivamente não é pelo aspeto físico que não tenho ninguém, outras vezes acho que tenho um ar drogado, olheiras gigantescas, uma cor de pele estranha, incapaz de alguém no seu perfeito juízo se interessar por mim.
A minha mãe agora está sempre a arrotar, tão alto que me incomoda bastante, não aguento o barulho, fico tão triste de a ver sofrer assim. Cada um tem a sua cruz, a minha é cada vez mais pesada, mas a culpa é minha, não faço nada para a tornar mais leve.