segunda-feira, 15 de abril de 2013

Trabalho

Saí da escola e tive cerca de 5 ou 6 meses em casa. Na altura dos atentados de 11 de Setembro 2001, estava em casa sem fazer nada. Confesso que na altura não ligava muito, passava sempre em casa sozinho, mas tinha uma imaginação do caraças para passar rapidamente o tempo(nessa altura é que devia ter depressão). Por causa da minha timidez, tinha pavor a entrevistas (por incrivel que pareça hoje passado 12 anos consigo ter mais). Antes não havia crise como agora, a economia crescia e só não arranjava trabalho quem não quisesse. Tinha a vantagem de ser novo e ainda não ter feito estágio profissional. A minha primeira tentativa foi para escriturário nos bombeiros lá da terra, estava tudo combinado mas entretanto surgiu uma candidata mais experiente e ficou com o lugar. Increvi-me em várias empresas na zona, mas tinha duas grandes desvantagens, uma era não ter carta de condução e outra era não ter a inspecção militar feita. Recusaram-me numa empresa por causa desse motivo. Nesse mesmo ano fui à inspeção e essa questão ficou solucionada.
No inicio de 2002, através de um familiar (cunhas :)) consegui arranjar emprego na minha área. Fui trabalhar no escritório num grupo de empresas médio que labora em vários sectores de actividade como constução civil, imobilário, transportes, etc. Em 2004 atingiu o pico, era só lucros (pensar que passado quase 10 anos as coisas em vez de evoluirem, retomaram um destino contrário). Não tinha horárío, por vezes trabalhava até às 23 horas, tinha dias que chegava a casa e não via a minha familia, é claro que não recebia nenhuma compensação monetária. Férias também não tirava, ia para onde? Ficar em casa todo o dia era muito mau. Nas raras vezes que tirava, muitas vezes chamavam-me do escritório, fiquei sem paciência, mais valia não tirar.
Em 2007 fomos atingidos por uma grave crise financeira. Reduziram bastante o pessoal, eu fiquei talvez porque na altura fui dos poucos que aceitou ficar vários meses sem receber (até hoje a empresa deve-me milhares de euros, podia ter surgido ai a depressão, mas não). Às vezes penso que o meu patrão tem pena de mim, por isso é que não me manda embora.
Quando tirei a carta ganhei uma grande liberdade, finalmente comecei a sair a horas mais decentes.
O ambiente no inicio era péssimo, ia para o meu lugar e ficava lá sem falar com ninguém, aos almoços também mal falava. Depois entrou pessoal mais brincalhão e comecei a gostar mais dos almoços.
Por causa desta crise tenho que me sujeitar, não posso dizer que não e tenho que concordar com tudo, mesmo ficando com algumas entaladas tipo com a minha ex. Ou não concordando com algumas decisões que se tomam. Nas reuniões bloqueio totalmente. Ao fim penso e arrependo-me que deveria dizer aquilo naquele momento. Se me chamarem aos domingos vou, assim como feriados, um ano trabalhei numa sexta-feira santa. Não ganho nada com isso, perco até com dinheiro gasto em combustivel e refeições. É claro que nunca pedi aumento ou dinheiro de valores que tenho em atraso. Muitas vezes quando a empresa não tem dinheiro tenho que emprestar do meu bolso. É o que se pode dizer "Pagar para trabalhar".
"Desenrasco-me" em tudo mas não sou bom em nada :(
Estou limitado à minha situação geográfica, não tenho coragem para ir embora para um lado mais longe ou estrangeiro. Se um dia sair da empresa não sei o que irei fazer à minha vida. Aí é que ficaria muito triste.

Sem comentários:

Enviar um comentário