quinta-feira, 28 de março de 2013

Familia

A minha família rapidamente se desmoronou. Sou filho único, os meus pais separaram-se muito cedo, tinha cerca de 6 anos, mas mesmo antes disso lembro-me vagamente da relação entre eles ser péssima. Os restantes membros da família prejudicaram muito essa relação. A minha mãe nunca saiu das "asas" do irmão e mãe que sempre controlaram a sua vida, um bocado como fazem comigo.

A minha mãe sempre foi muito protectora, até hoje. Em vez de me apoiar e dar força, mete-me medos. Basta chegar um bocado mais tarde a casa para a encontrar toda preocupada. Tem a vida mais calma do mundo, não trabalha, não faz nada de especial, passa a vida em casa, no entanto parece sempre tensa, ansiosa, stressada. O facto de ser muito boa pessoa prejudica-a imenso. Está sempre em baixo.  É dependente de mim financeiramente e da minha avó. Falo com ela apenas coisas rotineiras, não a vou deixar perceber como sou tão infeliz.

O meu pai nunca me ligou nenhuma. Ia uma vez por mês a minha casa visitar-me, sempre a um domingo, estava comigo umas duas horas à tarde. Sei que nessa altura tinha muitos problemas financeiros e trabalhava muito no campo. Nunca gostei de conflitos, por isso sempre guardei para mim alguns pensamentos. Nesta fase estou com ele todas as semanas, às vezes vou almoçar com ele e estou com ele à noite, é claro que é uma pessoa com quem nunca teria confiança para desabafar. Tenho a sensação que ele era capaz de ir contar a toda a gente. É muito egocêntrico, só pensa nele. O engraçado é que soube à pouco tempo que ele tomava medicação por causa de uma depressão.

Acho que tenho os defeitos dos dois, não preciso fazer um teste de ADN, porque eles são sem dúvida os meus pais.
Na primária tinha um bocado de inveja dos meus colegas, todos tinham os pais juntos. Uns eram professores, outros bancários e eu tinha um pai agricultor e uma mãe doméstica.

O meu tio era uma referência para mim, sempre o admirei, era ele o exemplo que queria seguir. Um homem duro, forte, inteligente... infelizmente emigrou quando eu ainda era muito novo. Podia ser ele o meu apoio para crescer e evoluir. No Verão esperava ansiosamente a sua chegada, sempre me deu bons presentes, mas nunca me acarinhou e quando queria fazer alguma coisa com ele, por exemplo quando andava nas pinturas sempre me afastou e dizia para o não atrapalhar. Uma das minhas maiores desilusões foi quando  esperei por ele ansiosamente 4 ou 5 meses antes da sua chegada, contava os dias... quando chegou não me ligou nenhuma, preferiu estar com a filha e mulher sozinhos, foi aí que percebi que o melhor era afastar-me e não criar ilusões.

Dou-me bem com as crianças da família, estou com elas à vontade, são ingénuas e não sabem da minha timidez, só querem brincar, pareço um puto ao pé delas. É nessas alturas que me sinto mais feliz.

Que contributo a minha família teve para a  definir a minha personalidade?

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