sábado, 28 de julho de 2018

Recaída Mãe

Esta semana está a ser muito complicada, depois de muito tempo em que a minha mãe tem estado estável, com aparente melhoria, fazendo coisas que jamais pensei que voltaria a fazer, a melhor fase desde o inicio da doença, teve uma recaída que a deixou sem forças. Uma tosse esquisita, não tem apetite, praticamente não come nada, dificuldade em respirar e falar, dores musculares intensas, não se consegue mover sem ajuda, chegou a estar paralisada, não consegue controlar a urina, noites em claro que a deixou exausta. Esta noite fiz directa à espera que ela acordasse, mas felizmente dormiu várias horas seguidas, até fiquei assustado de ter sido tanto tempo. Depois de muito insistir levei-a às urgências, ela tem medo de ficar internada no hospital(é muito parecida comigo, herdei os problemas psicológicos dela) e teve que ser um familiar com um discurso mais duro a persuadi-la a procurar ajuda médica. O médico que atendeu foi ver o processo dela, doeu-me ouvi-lo dizer que não havia muito a fazer, dizendo por outras palavras para estar preparado para o pior, nem percebi o discurso dele à primeira, insisti e fiz figura de burro. No fundo sempre acreditei que havia esperança que um dia se curasse. No inicio ela já andava a queixar-se, mas o médico de família não a mandou fazer exames, disse que não havia necessidade. Um diagnostico mais precoce podia ter resolvido! Ela era seguida no IPO, (incompetentes de merda, como não lhes ocorreu que poderia suceder metástase, nunca lhe fizeram exames a nada, apenas no sitio do primeiro tumor… não pensaram nessa situação que acontece muitas vezes? Sou um atado, devia ter feito barulho, a minha mãe se fosse mais perspicaz também se podia ter questionado, sinto-me culpado por não ter pedido mais detalhes, esta personalidade pode tê-la conduzido à... Sinto um peso considerável alto, mais que o normal. Estou paranoico, sempre em alerta, tenho medo que caia, já apanhei vários sustos, que eram apenas gritos saídos da televisão.
A minha mãe é como eu, liga mais a assuntos pouco importantes do que ao mais importante, no caso dela o cancro. Devia estar organizada, com um dossier com os medicamentos que toma, com roupa preparada, é sempre uma confusão quando acontece alguma coisa.
Não é fácil viver com uma mulher doente e uma pessoa idosa, chego a casa e encontro um cheiro a urina e uma série de lamentações.
Este fim-de-semana ando a fazer uma limpeza a casa, demasiada grande, muitas divisões, sinto-me esgotado como um velho.
Oiço demasiado barulho, o pessoal a ir para uma festa provavelmente a ocorrer aqui perto e eu sem saber de nada, que se passará? Ou é apenas gente a aproveitar uma noite agradável de verão para passear?

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