quarta-feira, 20 de julho de 2016

Formação

Aguento tanta coisa para não ter que ir a entrevistas, formações, convívios, etc, mas lá fui obrigado a ir a uma formação realizada aqui no concelho. Preferia que fosse longe daqui, a angústia apoderou-se de mim. Algum pessoal da minha vila presente, não falei com nenhum, conheço alguns, não sei se a mim me conhecem e um deles até é meu vizinho (ou era, não sei se já saiu das casas dos pais) outro é um gajo bastante popular, tenho medo da reação dele quando descobrir que sou da terra dele e fazer perguntas incomodas às quais vou ficar embaraçado ao responder. "Em mais de 30 anos nunca te vi, onde te enfias?", "Estás mesmo a morar na vila?". Mesmo se pensasse más coisas de mim, porque raio ligo à opinião dele? Gostei da técnica que fez a apresentação, bonita e simpática, (conheço aquela cara de algum lado, mas não estou a ver de onde), infelizmente a intervenção dela foi curta, por outro lado não gostei nada da formadora. A primeira sessão foi surreal, pessoal muito conflituoso, um bêbado, uma brasileira que não parava de falar, um que tem a mania que é bom, não se falou nada da formação em si, definitivamente não me enquadro, que pesadelo vão ser as próximas sessões, estou com medo das apresentações e se for preciso falar perante a "classe"? Fico tão bloqueado que não me sai nada, totalmente baralhado, não consegui fazer uma simples pergunta, todos falavam por cima de mim. Mil vezes o trabalho, é por isso que prefiro estar lá mesmo sem receber qualquer dinheiro. Podia estar de "férias", a gozar... mas não. Não consigo compreender o porquê de me sentir preso? Mais uma vez sou o crucificado no emprego porque sei que com a minha personalidade não consigo ir para outros ambientes...quem me dera não ser tímido. Uma pessoa que lá estava falou do filho e parecia que me estava a descrever a mim. "Um ser calado, que parece que está no mundo à parte, se estivesse aqui nem se ouvia a voz dele".
Fanático por futebol vibrei com a conquista do Euro 2016 por parte de Portugal. Mais uma vez foi um sentimento que acabou por ser triste, pois não tinha ninguém com quem comemorar, ver as pessoas todas na rua em festejo e eu em casa sozinho fez-me sentir ridículo.
Ansioso pelo resultado da biopsia da minha mãe e pelo espermograma que realizei. Será que vou ter a confirmação que não posso ter filhos? Não sei se o resultado é explicito ou se tenho que marcar uma consulta com o meu médico de família, tarefa quase impossível nestes tempos. Vêm familiares do estrangeiro, tenho tanto medo com as perguntas. "Então quando arranjas uma gaja?"...
As histórias imaginárias voltaram em força, agora sonho que sou um ser de outro planeta que está sozinho no mundo, que se sente vazio, nada o preenche, uma justificação para a sua personalidade. Encontra outro ser do mesmo planeta do sexo feminino que sente o mesmo e quando se conhecem têm uma bonita história de amor... nem entro em detalhes é tão vergonhoso que nem consigo escrever, sou tão pateta.
Como convívio lá procuro ir para fóruns, no outro dia fiquei tão chateado por não conseguir defender a minha opinião, sinto sempre que não tenho argumentos para os outros e que sou básico, os outros têm sempre razão. No outro dia deixei lá uma mensagem e nem tive coragem para ir ler as respostas. Dou importância ao que não devia, se fico assim no mundo virtual fará no mundo real.

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