sábado, 26 de fevereiro de 2022

Projecto; Indefinição; Videovigilância

Sábado, após o término do almoço, chamou-me para ter uma conversa. Vi logo pela cara, que seria certamente uma conversa séria. Contou-me dos seus planos para o futuro, transformar o piso de cima numa espécie de apartamento. Vai destruir o meu quarto e a sala para construir uma sala de jantar/estar e uma cozinha. Claro que neste projeto não poderei viver aqui, terei que deixar a casa brevemente. Já tinha dito no outro dia que não vinha para Portugal para trabalhar e que ele e a mulher precisam de descanso, ela anda sempre a correr de um lado para o outro, a descer escadas, sempre atarefada com as tarefas domésticos, entendo isso. Ouvi, ouvi e não consegui falar como normal. O meu cérebro está confuso, sinto uma mistura de emoções, por um lado fico aliviado, é como se ele me desse autorização para ir viver a minha vida, lol. Vejo maior independência e algumas ideias engraçadas que provavelmente não saíram da minha cabeça, como comprar um carro elétrico, uma bicicleta elétrica, uma consola, um novo pc, viajar, aprender a nadar, não ter que dar satisfações a alguém...na realidade vai ser mais um passo para aumentar o isolamento. Por outro lado tenho medo que não tenha a capacidade de me virar sozinho, sou um nabo nas artes domésticas, cozinhar todos os dias vai ser complicado, os gastos vão ser maiores, luz, água, comunicações, gás, alimentação, etc.  No entanto essa decisão ainda está dependente do orçamento que o empreiteiro vai dar, por isso pode não ser uma decisão final. Por um lado quero seguir com a minha vida, por outro quero continuar como estou. Sei qual a decisão certa a tomar, mas o meu outro lado diz que não. Devia ser eu a controlar a minha vida, mas não, deixo os outros decidirem, é como se tivesse que pedir sempre autorização a alguém. Estava com medo que me chateasse com ele. Mas chatear-me por quê? Eu já devia ter procurado ter uma vida própria à 20 anos atrás. Assim que chegassem, um homem normal saía, só eu preso com esta personalidade ridícula.

A situação da minha avó está indefinida, não sabemos como vai ficar a mobilidade dela, se alguma vez vai voltar a andar sozinha. Eles querem colocá-la num lar, pois não estão para ter o trabalho de cuidar dela, é um fardo muito pesado, apesar de achar que fazendo um esforço era possível, mas tenho que aceitar. Eu também podia ajudar, mas não sei como. Ela na última visita disse que só queria voltar para casa, até disse que já deu uns passos para dizer que já está melhor. Acho que é força dela, melhorar para poder voltar à sua casa, quando receber a noticia que vai para o lar vai ser uma desgraça. Saudades de quando eu, a minha mãe e a minha avó íamos ao super, às vezes almoçávamos fora, eu normalmente resmungão por demorarem muito tempo...não soube aproveitar o momento.

Na empresa começaram a instalar um sistema de videovigilância o que é uma péssima noticia para mim, vou ficar super condicionado, uma sensação de prisão constante, observado a qualquer hora mesmo estando sozinho. Agora já não posso colocar as músicas que eu gosto, ou dar o meu passeio para espairecer a cabeça. Já tivemos um antigamente, nessa altura era controlado por mim, as imagens também tinham fraca qualidade, nessa altura nem me senti preso, mas agora tudo parece diferente.

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