quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Peter Pan

Essa minha colega(do post anterior) quando estava comigo falou-me de Peter Pan, não entendi o que ela queria dizer, nem liguei na altura. Dias mais tarde, por acaso do destino, estava a fazer tempo numa loja e resolvi pegar num livro aleatório e não é que falava do síndrome do Peter Pan, associei logo à conversa, "o menino que não queria crescer". Posso ser o maior no trivial, ter muita cultura geral, mas no que realmente interessa a minha ignorância é imensa. Tantos livros que devia ler que me podiam ajudar a crescer, pensar de maneira diferente, mas não, a minha leitura resume-se a romances, policiais ou aventuras. Por exemplo o livro que estou a ler atualmente é para adolescentes, shame on me. Um gajo para conduzir um carro, ou trabalhar num computador tem que ter conhecimentos, existem pessoas com talento inato, outras tem que se esforçar para aprender como é o meu caso. Sempre fui mais técnico, erradamente nunca liguei a estas ciências da vida mental que são tão importantes. Pergunto-me como na escola fiz estas disciplinas com bom aproveitamento.

Pesquisei na net e encontrei este texto muito bom que se enquadra naquilo que sou:
"Pessoas que continuam a se comportar como crianças mesmo depois de adultas. São pessoas que se recusam a crescer, demonstram uma forte imaturidade emocional e têm um grande medo de não serem amadas e acabarem sendo rejeitadas.
Essas pessoas preferiram se afastar das exigências do mundo real e se esconder em um mundo de fantasia, assim ficaram presos na Terra do Nunca. Dessa forma não conseguem desempenhar seus papéis com sucesso em seus trabalhos e vida pessoal, que é o que se espera na vida adulta. Relutam em cortar a ligação de dependência com os pais e, geralmente, têm apenas relações superficiais com os outros. Assim como o personagem “Peter Pan”, ficam voando por aí à procura de aventuras e são incapazes de pousar em algum lugar, porque têm medo de enfrentar o mundo real. Pessoas que sofrem da síndrome de Peter Pan podem parecer despreocupadas e felizes, mas a sua vida pessoal é cheia de sentimentos de solidão e insatisfação, acompanhados de dependência pessoal. Eles precisam ter ao seu lado alguém que atenda as suas necessidades e que os façam se sentir protegidos. As consequências da SPP podem levar a alterações emocionais graves, como altos de níveis de ansiedade e tristeza que podem levar à depressão. Eles se sentem insatisfeitos com as próprias vidas, uma vez que não assumem a responsabilidade pelas suas ações, o que faz com que não tenham realizações próprias, afetando diretamente a autoestima.
Embora sejam adultos com mais de 30 anos, ainda se comportam como crianças;
Estão sempre insatisfeitos com o que tem: querem ter tudo, mas sem se esforçarem para conseguir.
Consideram o compromisso como um obstáculo à liberdade.
Não se responsabilizam pelos próprios atos.
Se sentem inseguros e têm baixa uma baixa autoestima.
Crescer como pessoa é parte do desenvolvimento natural dos seres humanos, mas nem sempre é uma tarefa fácil. Para ser adulto é necessário que você tome a decisão de crescer e adote valores e objetivos de vida. É também necessário que você desista de algumas coisas para que atinja seus objetivos, se responsabilize pelos próprios erros e tolere os dias de frustração.
Amadurecer não significa ter que perder a criança que há dentro de nós, pois precisamos que essa criança venha à tona, às vezes, para que a vida não seja tão rígida, só não permita que essa criança te domine e dificulte a sua vida adulta, como no caso de Peter Pan. É indispensável ter uma relação harmoniosa entre o adulto e a criança interior. Amadurecer com sucesso é alcançar um equilíbrio entre esses dois aspectos da nossa personalidade."

Ela tem razão, não quero que tenha, quero que pense doutra forma. Pensar como ela tem uma opinião tão negativa deixa-me deprimido, se calhar sou um zé ninguém no seu mundo de folia, nem se lembra de mim. Sei que não é tarde, se fosse Homem, convidava-a para sair e logo via a reação, mas pelo menos tentava e não estaria frustrado.
Desde esse dia que fiquei muito angustiado, acho que é o período maior em que estou mais em baixo. Não me consigo concentrar em nada, nem no trabalho, as minhas actividades de lazer são feitas sempre com um peso excessivo…. apenas tenho este blog para partilhar na tentativa de ficar aliviado, em vão.
Tenho medo que me chamem e perder a tarde de futebol, tenho que inventar uma desculpa... é isto que não consigo controlar.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Socialmente Inapto; Colega Solteira;

Mais uma história que teve o final de sempre, tudo por causa desta minha inabilidade de comunicar com os outros.
1º dia - Uma colega de trabalho que labora noutros escritórios foi ao meu, num dos raros encontros que tivemos. Disse-me que ficou solteira. Quando me revelou essa confidencialidade, fiquei espantado pois não temos assim tanta afinidade(como com  todos). Ela é jeitosa, vestia um vestido sexy revelando as suas tatuagens. Perguntei-lhe qual o significado de uma delas tentando expandir a conversa. Fiquei logo a imaginar que podia ter uma relação com ela, fiquei excitado, mas não avancei mais uma vez por falta de coragem. Pondero demasiado os riscos. Sei lá, medo de receber um não, que ela faça troça, que conte aos outros, que isso me prejudique na empresa. Já tive uma má experiência com a ex, trabalhar com ela tornou-se horrível, se bem que neste caso trabalhamos em diferentes escritórios logo não seria tão grave. Ela parece-me ser uma boa pessoa, mas problemática pelo que me teve a contar da sua vida, o discurso revela-se incoerente e confuso. Deve ter muitos amigos e candidatos, uma pessoa com aquela aparência física não está ao alcance de um gajo socialmente inapto. No entanto fiquei a pensar pois numa sms chamou-me de "meu querido". Será que é do feitio dela tratar assim o pessoal com quem convive? Provavelmente sim, mas deu-me esperança...
2º dia - Desta vez ficou quase todo o dia no escritório comigo. Voltou a mandar umas bocas bastante atrevidas, do género que os meus olhos ficavam mais radiantes quando me via, o amor é lindo, etc. Não reagi, não sabia o que responder, quando me lembrei de uma boa resposta estava lá outro colega e não disse nada. Fiquei muito retraído por causa desse colega, maldita a hora, ele que está na maioria do tempo na rua. É uma mulher que aproveita a vida, festiva, começou a falar em sair, conviver, conhecer-me, beber uns copos...entrei logo em pânico, a minha consciência a dizer para recusar caso me convidasse, com medo de perder o meu mundo de solidão e que visse a minha vida secante. Uma das minhas poucas intervenções revelou-se fatal, uma falta de capacidade para realizar uma tarefa simples que qualquer homem conseguiria fazer.  Disse-me que "dou por findo a relação que ainda agora tínhamos começado" Perdi mais uma boa oportunidade de pelo menos ter uma amiga com quem me pudesse divertir. Agora dificilmente estarei com ela nestes termos, mas se tiver nova oportunidade vou voltar a desperdiça-la. Sinto que somos de universos diferentes. Deixou-me de rastos só me apetece bater com a cabeça na parede, queira ir para casa mergulhar no meu mundo depressivo, mas como um mal nunca vem só, tive que ir com a minha mãe às urgências. O outro colega topou alguma coisa pois incentivou a avançar com ela. Começou com conversa de antigamente se tinha gostado da minha ex, eu fiquei embaraçado a tentar desviar a conversa. Não percebo porque não me consigo abrir com alguém em carne e osso.
Durante a semana espero ansiosamente pelo jogo de futebol no sábado, é isto que é importante?
Que ando aqui a fazer? Com este modo de ser e pensar nunca encontrarei felicidade.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Aniversário, Observador, Cão

Mais um aniversário... se antigamente era um dia de comemoração agora é um dia depressivo, demonstra que a idade avança e eu continuo na mesma, sem evolução, sem projectos, sem amigos, limito-me a sobreviver na minha patética existência como um zombie medroso, sem poder de decisão. Compro um bolo para comemorar num grupo de 6 familiares chegados. Cantam-me os parabéns, mas estão sempre com pressa pois têm que ir para as suas vidas atarefadas. Gostava de descrever melhor aquilo que sinto, mas como em tudo não sou bom em nada.
Sou um observador neste mundo, olho em redor e vejo os outros com inveja a viver as suas vidas, procuro solitários como eu perguntando-me se são parecidos comigo, tentando criar uma empatia imaginária. No outro dia vi uma bela rapariga sozinha, conjecturei um diálogo com ela... que patologia terei? O fim-de-semana passado queria ir a um evento, uma oportunidade de ver figuras públicas que sigo no instagram, mas mais uma vez a inércia ganhou-me. Um dos motivos: ter medo de me filmarem e aparecer na televisão, lol, sou tão ridículo.
Sou tão desligado do mundo real que nem sei quem é o presidente da junta da minha freguesia, no outro dia perguntaram e fiquei embaraçado pois não sabia, deve ter pensado lindas coisas de mim. Não contribuo em nada para a sociedade e minha localidade, não conheço praticamente ninguém, nem os mais populares da terra. É muito mau não ter conhecimentos, tenho consciência que me limita muito em várias situações. Depois cria embaraços quando vêm à empresa onde trabalho e não me conhecem. Não gosto de politiquices, é muito complicado entender, vejo uma cambada de mentirosos que só querem encher o bolso, engano meu pensar assim, devia confiar mais, mas se nem em mim.
Ultimamente oiço um barulho estranho, um género de um apito, que me acorda no meio da madrugada, mas não consigo detectar a fonte do ruído. Primeiro pensei que fosse do alarme de incêndio, mas já o tirei e o som persiste. Gostava de perguntar à minha vizinha se ela também o ouve, mas mais uma vez a timidez impede-mo de fazer.
A minha mãe felizmente melhorou na disposição, já come melhor, perdeu quase 20 kg's na crise, por um lado foi bom pois pesava muito acima do peso ideal. Já quer conduzir novamente, o carro ficou com a bateria descarregada, carreguei-a e lá consegui finalmente resolver um problema! Assim que ficou melhor foi logo visitar sites para comprar roupa e gastar a sua reforma.. não tem emenda, até pela expressão fácil de satisfação consigo ver quando ela está a visitar esses endereços.
Às vezes no trabalho as coisas tornam-se secantes, não faço nada de jeito, conto o tempo para o final do dia, para entrar no meu mundo, ver séries, futebol, estar com o cão...  vou ficar sem ele brevemente depois de 5 meses e meio a tomar conta dele. Vou sentir muita falta, dá outra vida à casa. Por um lado quero que vá embora pois não me deixa limpar o quintal em condições e está sempre a ladrar alertando a minha presença aos vizinhos, não me deixando à vontade, mas claro que vou ter saudades das brincadeiras. Este cão não é normal, atiro-lhe a bola e ele não a devolve. Foge de mim, à espera que corra atrás dele. Assim o faço, provocando-lhe um rosnar de felicidade, gosta de gozar comigo. Quando se cansa, desafia-me a tirar-lhe a bola à força. Aceito o desafio e puxo, mas ele prende a bola de tal forma com a boca e patas que é impossível tirá-la e ele mais uma vez leva a melhor. Depois vingo-me com as fraquezas dele, principalmente o facto de odiar água. Assim que vê-me pegar na mangueira corre para o outro lado do quintal. Pesando os prós e os contras a companhia dele é positiva. O triste é que mesmo estando nestas actividades de lazer, fico ansioso, não entendo, quem vê de fora pensa que estou feliz.. BTW - O que me impede de ter um animal de estimação?
Porque quero ser uma pessoa que não sou? Devia ser feliz à minha maneira!