Tinha tudo planeado para o que seria a minha terceira maior viagem. Tirei a sexta-feira de férias, aproveitar a ponte devido ao feriado e seriam 4 dias seguidos. Desta vez o destino era o norte do país, conhecer uma das cidades mais bonitas do país, Guimarães. Já tinha alojamento em vista, no entanto fiquei doente na semana anterior e desisti. Tudo aconteceu quando fui estender roupa à noite, não esperava que estivesse aquele vento frio... a minha garganta deu logo sinais, comecei a tomar brufen, o meu corpo ficou cansado, bastava uns passos e ficava logo ofegante, começou a tosse e a rouquidão, fiquei sem voz, à noite tossia demasiado, passei mal. Estava mesmo decidido a ir, mas doente não ia aproveitar nada. Na véspera melhorei e agora no domingo até acho que me sentia em condições para ir, estou frustrado. Ainda acabei por ir uma tarde a um trilho na região muito bonito com algumas e cascatas e árvores bonitas. Percorri o trilho calmamente, não queria suar, parei muitas vezes, felizmente o caminho era mais plano que imaginava, tentei relaxar no meio da natureza, mas a ansiedade leva sempre a melhor, estou sempre a pensar o que vou fazer a seguir, não me deixando aproveitar o momento. A paranoia de piorar da constipação não me largou, não queria apanhar vento, nem sol! Fiz uma folha em excel onde registei as viagens que fiz e as que quero fazer. Tanto sitio que quero ir, tantas atrações para ver, tantos programas que quero experimentar...vou acabar por fazer pouco, sozinho não ajuda, sinto-me patético. No trilho por exemplo encontrei um casal com duas filhas pequenas, a mulher era bonita, imaginei-me estar no lugar do marido que parecia estar a apanhar frete...devem ser tão felizes e nem sabem. Apanhei excursões, grupos de amigos a caminhar, dois jovens a andarem de bicicleta, etc. Para eles deve ser um tédio andar sozinho. Eu não consigo sair desta solidão, interagir com outros, dialogar de uma forma natural, quero apenas estar mergulhado na minha mente atribulada de pensamentos, negativos e fantasiosos. Quando assisto a romances, sinto tanta inveja por não passar por aquilo. Olho pela janela vejo um café cheio de gente, por que não consigo ir lá?
Colocaram uma câmara no escritório, decidiram lá pôr depois de um assalto que tivemos aos nossos escritórios. Malditos cabrões que lá foram, agora sinto-me constantemente vigiado, sem liberdade para nada. Não sei se o que a câmara capta, alguém pode escutar as nossas conversas, o que guardará? Será que grava todos os movimentos? A única coisa boa é que no sitio onde está a câmara, não filma o meu posto de trabalho, pelo menos não filma as caretas que devo fazer. Deixei de fazer algumas coisas por causa disso, enfim.
Fez 5 anos que a minha mãe morreu. Como é hábito visitei a campa, ofereci flores e uma vela. Continuo a sonhar muito com ela, praticamente todos os dias, o impacto que deixou em mim foi imenso. Nunca a esquecerei.
