quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

2020 Repetitivo; Funcionário Incoveninente

2020, a revelar-se o mesmo de sempre. Eu angustiado, com medo de tudo… oiço, oiço, oiço e não consigo falar, nem criar laços com ninguém, cada vez me sinto mais isolado no meu mundo de solidão. Sou um anormal, com vergonha de ter esta personalidade que faz com que o sentimento de depressão esteja sempre presente. Não consigo viver, não me apetece fazer nada, nem sequer escrever aqui, os meus relatos são tão repetitivos e sou tão nabo a escrever que me envergonha. Para este ano defini objetivos que quero concretizar como aumentar os meus conhecimentos culinários, dar tratamento a artigos herdados da minha mãe, procurar soluções de renovação do apartamento. Preocupa-me o facto de não ter qualquer tipo de aquecimento, aqui ao menos tenho o fogão de lenha. Tento procurar soluções, mas nunca sei o que escolher e deixo andar até um dia alguém diga o que fazer. Proíbo-me a mim mesmo, por quê? Que merda de sentimentos são este?
Em breve vou ter uma reunião de condomínio, estou tão assutado. 
A minha vida resume-se a casa-trabalho-casa-trabalho. Aos sábados vou às compras e de vez em quando almoço com a minha avó, domingo passo o dia em casa, não tenho vida social nenhuma. Um tipo andava a estacionar o carro em frente da minha garagem, fiquei fulo porque achei que ele sabia que não saía de casa.
Na empresa os investimentos aumentaram, máquinas, viaturas e funcionários novos. Durante uma semana laborou uma nova funcionária junto a mim. Senti empatia, parecia-me uma mulher porreira, podia ajudar-me nas tarefas, no entanto teve uma proposta do anterior emprego e foi-se embora. Ela  ficou admirada de eu ganhar o salário mínimo estando à 18 anos a trabalhar com o meu patrão, tantas tarefas que executo. Incentivou-me a falar com ele, apetece-me arriscar, mas depois tenho medo que ele me jogue na cara que sou um incompetente e se quero aumento devia evoluir nas minhas competências e só não me despediu por pena. Prefiro ficar no meu canto, a explodir por dentro. Quando está furioso, tenho medo de falar com ele e de sobrar para mim. Ele quer que dê ideias de melhoria, mas não me sai nada, então quando estou com ele fico mesmo bloqueado, burro que nem uma porta. Este ano vai ser essencial se as coisas derem para o torto, acho que a empresa fecha. O meu patrão sempre teve a tendência de arriscar, uma vez já correu mal...
O pessoal não liga muito à minha personalidade, pelo menos pela frente. Excepto um, que de vez em quando se mete comigo, chateando-me, sinto-me incomodado apesar de tentar não lhe ligar às bocas que ele manda. Já a algum tempo que não me sentia tão pressionado, cada vez que goza comigo fico de rastos o resto do dia, rezo para ele não ir ao escritório. Apetece-me gritar com ele, dizer-lhe para me deixar em paz, no fundo acho que só quer me ajudar a tentar integrar-me um pouco mais. Para os outros trabalhadores o que eu faço não é trabalho, farto que menosprezem! Chego sempre ao final do dia com a cabeça em água, com a vista cansada. Eles devem pensar que estou no computador no Facebook a ver gajas, que falta de noção.Mas porque isso me afecta tanto?
Este inverno tem sido um fartote em dores de garganta e as idas ao dentista não param. Fiz o apanhado do ano passado, gastei cerca de 1000€ o que corresponde a mais de 10% do meu rendimento! Este ano vou pelo mesmo caminho. Às vezes penso que é a dentista que percebe que sou uma pessoa que pode explorar e que não reclamo com nada.